Depois do carnaval
Diz a lenda que o Brasil começa a funcionar depois do carnaval. Bem, o carnaval passou. Então é hora de acordar, meter o pé na estrada e começar a fazer acontecer. Até aqui o ano foi de muita falação e pouca ação.
A economia não está tão forte quanto imaginavam, as coisas continuam muito difíceis, as empresas estão pagando com atraso. Isso quer dizer que não estão faturando, porque, se estivessem, pagar os fornecedores em dia é no mínimo uma medida inteligente.
Os prognósticos são incertos. O que vai acontecer com o coronavírus e como vai refletir no país é a resposta de um milhão de dólares. Que a China foi afetada é óbvio. Que a China faz diferença na economia brasileira é óbvio. O que não é óbvio é de que forma a epidemia chinesa vai impactar o mundo e o Brasil em particular.
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É uma preocupação concreta e que está completamente fora do nosso controle. O que já não acontece com a onda de obscurantismo que tomou de assalto o país.
Quando uma Secretaria da Educação manda tirar das prateleiras das escolas clássicos da literatura brasileira e mundial alguma coisa está profundamente errada. E quando o Secretário desta Secretaria não é demitido fica evidente que o erro não é erro, é uma ação deliberada, com apoio de quem deveria dar educação, saúde e cultura para o povo.
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Os livros e as artes em geral são os pilares de qualquer civilização. Quando tentam proibir Machado de Assis, Guimarães Rosa, Rubem Fonseca, é o mesmo que mandar pintar faixas pretas cobrindo a nudez de Adão e Eva no teto da Capela Sistina ou colocar calças compridas no Davi de Michelangelo.
O Brasil é um país com pouca cultura, pouca educação e pouca saúde. Quando fazem de propósito para piorar o quadro é hora de gritar “chega!”.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.