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Nada como a velha rotina

 

Você acha que de repente vai. Não tem nenhum motivo consistente para ir, mas você acha que vai. No máximo, ganhou três jogos de times piores do que ele, o que não quer dizer muita coisa porque, três jogos depois, perde três jogos seguidos, devolvendo as gentilezas recebidas.

A verdade apavorante é que o único time brasileiro que joga futebol, incluída a pior seleção de todos os tempos, é o Flamengo.

Ver o Flamengo jogar faz bem para os olhos, até para quem não é flamenguista, mas gosta de futebol bem jogado e tem prazer em ver o time bailar pelo gramado, jogando cadenciado, com foco e objetivo claro, marcar gol no adversário.

Nunca fui Flamengo, nem quero ser, mas ver o Mengão jogar é bonito e nos lembra que, no passado distante, em algum momento perdido na eternidade pré-diluviana, o futebol brasileiro era o melhor do mundo.

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Que já tivemos Pelé, Coutinho, Zito, Amarildo, Garrincha, Belini, Gilmar, Gerson, Rivelino, Jairzinho e, mais recentemente, Zico, Fio Maravilha, Ronaldo Fenômeno e tantos outros que encantavam as tardes de domingo, jogando um futebol maravilhoso.

Sempre fui são-paulino e não tenho a menor intenção de mudar de time, como aconteceu com alguns amigos que, ainda crianças, se deslumbraram com Pelé e o time do Santos.

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Quem viu Pelé jogar sabe que hoje o futebol brasileiro está na quinta divisão do futebol mundial. Que as Copas do passado são as Copas do passado e que o futuro nos promete a emoção de sofrer diante do Suriname ou ficar com medo de perder da Argélia.

É por isso que, com todos os vexames de todos os times do coração, ver o Flamengo jogar faz bem. Mantem viva a chama da esperança de que um dia voltaremos a jogar futebol com letra maiúscula.

Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.