Adeus Erasmo Carlos

Qualquer coisa que se diga sobre Erasmo Carlos já foi dito. Mas que fim de ano para a música brasileira! Depois de Gal e Rolando Boldrin, o Tremendão sai de cena. Foi compor nos campos da eternidade, descendo as curvas das serras num carrão anos 60, com um sorriso nos olhos e a mulher amada e o filho ao lado.

Erasmo foi muito mais do que o parceiro de Roberto Carlos, foi o amigo que abriu a primeira porta, o que esteve sempre ao lado do Rei, não como alguém menor, mas como alguém tão grande quanto ele e os dois são a história mais bonita que a amizade já escreveu.

Sua parceria rendeu algumas das músicas mais emblemáticas do país e nem todas foram feitas para a Jovem Guarda, o Rock nacional ou o público-alvo dos dois.

“Debaixo dos caracóis de seus cabelos”, em dupla com Roberto Carlos, é uma carta de amor a Caetano Veloso, exilado em Londres. E “Meu nome é Gal”, integralmente Erasmo Carlos, foi o presente na hora certa, o grito de guerra que Gal Costa precisava, num momento difícil dela e do Brasil.

Erasmo Carlos foi dos maiores compositores brasileiros. Só ou com Roberto Carlos, ele é responsável por clássicos da nossa música, desde os primeiros sucessos da Jovem Guarda, até canções maravilhosas que pouca gente sabe que são suas.

Discreto, ele dizia que gostava mesmo era de ser compositor, de criar. Cantar era acessório, necessidade do momento ou da música. Não se expunha, não aparecia toda hora, mas todos sabiam da sua importância e da enorme dimensão do seu talento e do seu trabalho.

Erasmo não foi meu ídolo, mas sempre gostei do seu jeito de mau bonzinho e gostava de sua música. Grande Tremendão, que você seja eternamente o “Gigante Gentil”, o “Detalhe”, que encanta o Paraíso.

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