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Os carros e os caminhos

 

Na década de 1990, o então Presidente Collor declarou que o Brasil não tinha carros, tinha carroças e que era hora de mudar aquele quadro.

Sua primeira ação foi liberar a importação de veículos russos, marca Lada, que faziam nossas carroças parecerem carruagens.

Dos primeiros Ladas aos dias de hoje, o Brasil percorreu um longo caminho e, atualmente, não há como não dizer que nós temos de tudo, desde antigas carroças até modernos veículos híbridos, para não falar nos carros de luxo do mais alto luxo, em qualquer parte do planeta.

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As velhas carroças vão cada dia mais sumindo das ruas. Já não vemos Brasílias, Fuscas, Opalas e Corcéis com regularidade.

Agora os carros velhos são imponentes BMW’s, Mercedes, Camrys, Acords e toda uma série de SUV’s que ainda fazem bonito, apesar da idade.

Com a modernidade e os japoneses, vieram também outras marcas asiáticas, carros de primeiro mundo, em conforto, desempenho, desenho e durabilidade.

Mas se muitas estradas paulistas mudaram de cara e estão preparadas para receber as novas máquinas desenhadas para as ruas da Europa, Japão e Estados Unidos, várias outras continuam caminhos de tropa e as ruas das cidades brasileiras são verdadeiras pistas de teste para veículos militares fora de estrada.

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Quem paga a conta são os carros modernos, na maioria baixos e com pneus feitos para ruas completamente diferentes das nossas.

Trafegar pelas estradas brasileiras é uma ameaça à segurança de quem vai nessas máquinas. Bater embaixo, cair num buraco e estourar o pneu, raspar é questão de segundos. Quando se percebe, já foi.

É que as nossas ruas continuam desenhadas para nossas velhas carroças. As máquinas modernas não foram feitas para elas.

Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.