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Tietê, um rio que já foi vivo

Rota para os Bandeirantes, local de práticas esportivas e de pesca, há como recuperá-lo e exemplos não faltam

Imagine você poder pescar ou praticar atividades esportivas no rio Tietê. Isto pode parecer uma fantasia, mas nem sempre foi assim. Ele já foi tão limpo que serviu de rota para os bandeirantes ampliarem o território brasileiro, no século XVII, foi palco de provas aquáticas e próximo a ele vários clubes de regata foram criados na capital paulista. A feliz história do rio Tietê começou a tomar outro rumo a partir de 1920. Hoje ele é considerado um rio morto, em uma parte dele, mas há como recuperá-lo.

Para entender o que aconteceu com o rio Tietê, vamos voltar ao passado. A partir de 1920, com a construção das marginais Tietê e Pinheiros, as pessoas deixaram de frequentá-lo e o rio viria a se tornar um depósito de lixo. Agravado a isto, anos depois, houve um salto no crescimento populacional e no número de indústrias, não havia tratamento adequado de esgoto, o rio recebia todos os dejetos, como ainda acontece hoje em algumas partes dele.

Ao longo dos anos, projetos foram criados para a sua despoluição, o mais longevo deles é o Projeto Tietê, de 1992, uma iniciativa da Rádio Eldorado que conseguiu mais de 1,2 milhão de assinaturas, e que trouxe um grande avanço. À época, a poluição predominava 530 quilômetros de sua extensão, hoje, está presente em 122 quilômetros ou em 11,09% de sua extensão. Exatamente nesta parte poluída que o rio é considerado morto. Mas há como reverter.

Histórias como a do rio Tietê tiveram finais felizes em outros países e podem servir de exemplos para nós. Um caso típico é o do Rio Tâmisa, em Londres. De tantos rejeitos industriais e esgoto doméstico, ele foi considerado biologicamente morto. Mas com investimento em estações de tratamento e leis rígidas que proibiram o lançamento de esgoto no rio, o Tâmisa foi recuperado e hoje tem uma considerável população de peixes e de invertebrados.

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O mesmo se deu com o Rio Tejo, em Portugal, e com o Rio Sena, o mais importante da França. E a história é uma só: tratamento de esgoto, leis ambientais rígidas e principalmente educar a população de que o rio não é lugar para despejar lixo. Enquanto isto não acontece, continuaremos a ver uma enorme quantidade de garrafas pets e de sacos de lixo boiando ao longo do rio Tietê. Bons tempos em que as pessoas nadavam e pescavam neste rio.

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Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.